quarta-feira, 11 de maio de 2011

Documentos da educação oficial

Segundo site: http://cev.org.br/biblioteca/critica-critica-dos-pcns-uma-concepção-dialetica
Quando em 1997 o MEC fez chegar às escolas os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1ª à 4ª séries e no ano seguinte os de 5ª à 8ª séries, grande alvoroço ocorreu dentro das escolas e nos meios acadêmicos. Na escola, professores angustiados e ansiosos, viam nos PCNs um rumo no seu trabalho pedagógico que muitas vezes se perdia nas problemáticas do cotidiano escolar. Nos meios acadêmicos, professores e pesquisadores das mais diversas áreas o viam, no mínimo, como suspeito, por se tratar de uma proposta governamental imposta pela política neoliberal.
Na escola, a euforia dos educadores se deu sobretudo pelo vislumbramento de, independente da especificidade de cada disciplina, poderem ser abordados temas do cotidiano que contribuiriam para a formação do cidadão. Assim, professores de língua portuguesa, matemática, história, geografia, educação física entre outros, poderiam e deveriam além dos seus conteúdos específicos abordar como tema de suas aulas, questões de ética e cidadania, saúde, meio ambiente, orientação sexual, pluralidade cultural, trabalho e consumo. Estes tópicos enfocados pelos PCNs como temas transversais levariam o educando a uma consciência de ser e estar no mundo, fazendo-o agir como sujeito no mundo, reforçando a formação de uma cidadania responsável.
Nos meios acadêmicos, inúmeros críticos teceram inúmeras críticas aos PCNs, denunciando o caráter político ideológico contido em suas propostas. Talvez a mais incisiva delas tenha sido a organizada pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, em 1997, intitulada "Educação Física Escolar Frente à LDB e aos PCNs: Profissionais analisam renovações, modismos e interesses".
O grupo do CBCE tacha os PCNs de reacionário considerando a proposta de educação apresentada pelos mesmos. Em linhas gerais, resgata a denúncia de Apolônio Abadio do Carmo feita dez anos antes, onde a tendência reacionária "Acredita ser a escola uma instituição que deva zelar pela manutenção da transmissão do saber não importando qual, tudo em benefício do aluno e da sociedade, sem questionar, também, que aluno e que sociedade" (Carmo in Oliveira, 1987, p. 41). Entendem os PCNs como uma imposição governamental e que a proposta, antes de ser educacional é neo-liberal, com o claro propósito de atender as exigências do capital internacional.
Referendam sua oposição aos PCNs com as determinações do I Congresso Nacional de Educação: "Somos do parecer de que os Parâmetros Curriculares Nacionais sejam rejeitados para qualquer âmbito no campo educacional para atenderem às necessidades pluri-culturais da sociedade brasileira e por desconsiderarem as iniciativas dos educadores que reconhecem e valorizam as diversidades sócio-econômicas, regionais e culturais da comunidade atendida, sobretudo no âmbito da escola pública" (CONAD, 1996).

Os PCNs definem a função social da Escola como a inserção dos jovens no mundo do trabalho através da apropriação e resconstrução crítica e construtiva dos conhecimentos socialmente produzidos. Taffarel critica esta função por não questionar o mundo do trabalho capitalista nem contribuir, segundo ela, para "formar um novo homem para construção da sociedade socialista" (p.39). Nos parece ingênuo pensar desta forma pois não faz parte de nenhum projeto político, nem mesmo dos Partidos de esquerda, a construção de uma sociedade socialista, ainda mais se tratando do PSDB/PFL e do Governo neo-liberal de FHC. Um país capitalista como o Brasil, subserviente ao capital internacional, só poderia conduzir a sua política educacional neste sentido: deste modo capitalista de pensar e fazer pensar. Segundo Costa, "Não podemos esperar uma mudança na educação, uma ‘reforma’, como tantas outras promovidas pelo estado. Sendo a escola um prolongamento da sociedade, a educação só mudaria com a transformação social, e por motivos óbvios, espontaneamente, ela nunca mudará. Para as classes no poder, mudar poderia significar a perda do poder, a perda de privilégios" (1995, p. 235).
Em primeiro lugar, atribuímos ao fato das escolas particulares terem ampliado a carga horária diária, 6 ou 7h/a, e anual, 200 dias letivos, com vistas a atender aos programas de vestibulares seriados e convencionais. Em segundo, atribuímos ao aumento significativo da oferta de cursos superiores em faculdades particulares e, conseqüentemente, a possibilidade de ingresso no 2º semestre letivo através de ‘vestibulares’.
Acreditamos que esta distorção esteja respaldada no art. 24 da LDB que trata das “regras comuns” a “organização da educação básica, nos níveis fundamental e médio” especificadas em sete incisos e respectivas alíneas. da freqüência mínima de setenta e cinco por cento para aprovação, ou seja, na prática bastará ao aluno provar que estava freqüentando a escola, subtendendo-se que não precisará obter aprovação de resultados na escola caso tenha passado no processo seletivo das referidas faculdades.
Neste ponto seria interessante a discussão sobre os avanços decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases que abriu possibilidades para que as escolas assumissem seus destinos e, em especial, às escolas de Ensino Médio, pois conferiu uma nova identidade ao Ensino Médio e por sua vez ressaltar o art. 35 expõe o que se entende por ensino médio e sua duração: “etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos” e define as finalidades que devem direcionar o ensino médio: “a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos” (inciso I), “a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores” (inciso II), “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico” (inciso III), e “a compreensão dos fundamentos científicos-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” (inciso IV).

QUADRO SINTESE

Quadro Síntese
Evoluções Históricas das Tendências Pedagógicas no Ensino Brasileiro

Nome da Tendência Pedagógica
Papel da
Escola
Conteúdos
Métodos
Professor
x
Aluno
Aprendizagem
Pedagogia Liberal Tradicional
Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir o seu papel na sociedade.
Conhecimentos e valores sociais acumulados através dos tempos e repassados para os alunos.
Exposição e demonstração verbal da matéria.
Autoridade do professor e atitude passiva dos alunos.
Aprendizagem mecânica e respectiva.
Pedagogia Liberal Renovadora progressiva.
A Escola deve adequar as necessidades individuais ao meio social.
Os conteúdos são estabelecidos a partir das experiências vividas pelos alunos frente às situações-problemas.
Por meio de experiências, pesquisas e método de solução-problema.
Professor é o auxiliador no desenvolvimento da criança.
É baseada na motivação e na estimulação de problema.
Tendência Liberal Renovadora não-diretiva (Escola Nova)
Formação de atitudes.
Baseava-se na busca de conhecimentos pelos próprios alunos.
Método baseado na facilitação da aprendizagem.
Educação centralizada no aluno e o professor é quem garantirá um relacionamento de respeito.
Aprender é modificar as percepções da realidade.
Tendência Liberal Tecnicista
Modeladora do comportamento humano através de técnicas especificas.
São informações ordenadas numa seqüência lógica e psicológica.
Procedimento e técnicas para transmissão e recepção de informações.
Relações objetivas onde o professor transmite, informa e o aluno fixa.
Aprendizagem baseada no desempenho.
Tendência Progressista Libertadora.
Não atua em escolas, porém visa levar professores e alunos atingir o nível de consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.
Temas geradores.
Grupos de discussão.
A relação é de igual para igual, horizontalmente.
Resolução de situações problemas.
Tendência Progressista Libertária.
Transformação da personalidade no sentido libertário e alto-gestionário.
As matérias são colocadas, mas não exigidas.
Vivência grupal na forma de auto-gestão.
O professor é orientador e os alunos livres.
Aprendizagem informal via grupo.
Tendência Progressista “crítico social dos conteúdos ou “histórico - crítica”
Difusão dos conteúdos.
Conteúdos culturais universais que são incorporados pela humanidade frente à realidade social.
Método que parte da realidade do aluno, confrontada com o saber sistematizado.
Aluno participante e professor mediador entre o saber e o aluno.
Baseada nas estruturas cognitivas já estruturadas nos alunos.


VIDEO

http://www.youtube.com/watch?v=q3vMlRcRg8k

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Plano de aula: mito do triângulo racial

1 - Tema:
O mito do triângulo racial
2 - Objetivos
2.1- Geral
Compreender através de conceitos matemáticos a relação que a matemática pode estar intrinsecamente ligada a questões de respeito a diversidade.
2.2- Específicos:
-Perceber que a matemática é a construção do nosso dia-a-dia e que pode contribuir uma sociedade mais justa e democrática;
-Classificar o triângulo eqüilátero quanto aos seus lados e aos ângulos;
-Conscientizar das formas de racismo disfarçado e outras formas de discriminação existentes no Brasil.
  
3 – Estratégias
-Introduzir de forma explicativa conceito quanto a classificação do triângulo  eqüilátero em relação aos seus lados e ângulos.
-Mostrar aos alunos que  o triângulo eqüilátero é a forma geométrica que se origina quando três vértices se unem por três linhas de igual tamanho. E que o triângulo é usado muitas vezes no nosso país para representar a relação entre três raças que se misturam aqui desde a chegada dos portugueses: a branca, negra e a indígena. Com a miscigenação, teria surgido o “triangulo racial”, cujos vértices seriam os tipos:mulato, mameluco e cafuso.
- Levantar discussão se quando é representada as relações entre “raças” por triângulos eqüiláteros, nos dá a falsa impressão de que essas relações são de igualdade e que o racismo não existe tanto em nosso país;
- Fazer os alunos refletirem  como as raças podem ser representadas comumente por triângulos e totalmente lados iguais , porque pessoas brancas tem renda média maior, mais escolaridade, melhor condição de vida, ocupam maior lugares em cargos de poder em relação a pessoas classificadas não-brancas?
- Debater: O que cada um de nós podemos fazer para acabar com esta discriminação disfarçada?
4 – Recursos
- Data-show
- Notebook
5-  Duração:
 3 h/a.
6 – Referências Bibliográficas
BORDEAUX,Ana Lúcia, Matemática do Ensino Médio, Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2005